domingo, 22 de fevereiro de 2015


A Vaidade é o desejo de querer provocar uma influência positiva na imagem que as outras pessoas tem de você. A sua evidência é  o desejo de conquistar a admiração e de estar, de certo modo, em destaque.  O seu objetivo é o prazer da fama.

Pode-se dizer que a vaidade é um modo de Ser, não raro inconsciente e inconfessável.
As pessoas vaidosas tem como ponto principal a satisfação de seus interesses pessoais.
A participação do outro fica em segundo plano, muitas vezes estrategicamente utilizada para fins pessoais. É fácil perceber essa tendência numa simples conversa, em que ao se relatar determinado  assunto, a pessoa de imediato já conta uma experiência própria, exaltando-se e trazendo sempre o foco para si mesma.

Um traço constante da vaidade é o apego à reputação pessoal.
Não se trata do desejo de dignidade e honra de um homem virtuoso.
Mas sim da busca profana de lustrar a sua auto imagem ideal ao seu bel prazer,
mesmo que isso se faça por barganha ou por meios furtivos.
A palavra furtivo aqui traz significados importantes:
trata-se de um bem que é possuído de modo oculto, mas que na realidade não lhe pertence.

Assim como "a malícia é caricatura demoníaca da inteligência" (Olavo de Carvalho),
da mesma forma a vaidade é a caricatura demoníaca da virtude e da honra.
Ainda no Séc. VI A.c Confúcio já dizia:  "A humildade é a única base sólida de todas as virtudes".
O Homem verdadeiramente virtuoso é provado diante de Deus,
e a Verdade dá testemunho dele.
Por outro lado, o Homem vaidoso valida a si mesmo,
ostenta as suas realizações com proclamações exaltadas.

O carisma de um Homem virtuoso difere enormemente da vaidade.
O carisma é uma virtude, é a uma qualidade autêntica de atração e de poder.
O Sujeito carismático conquista sem imposição,
expressa-se sem falsear, fala sem ostentar,
não se utiliza de manipulações,
O carisma é vivido e compartilhado, jamais possuído.
O seu poder de atração advém da beleza e do bem estar
que é transmitido com alegria àqueles que estão próximos.

Porém, essa qualidade essencial do carisma pode também se corromper em vaidade.
Assim que uma pessoa se apegue aos seus próprios frutos, e a sua própria imagem - as qualidades inerentes ao carisma irão se esvair - e o que irá se sobrepor será a vaidade.

O desejo básico de todos os seres humanos é ser amado.
O erro do vaidoso se inicia quando ele quer ser amado de modo furtivo.
O amor e o reconhecimento vem como consequência natural das boas ações e de relacionamentos saudáveis. Porém o vaidoso quer antes de tudo desfrutar dos frutos.
Por faltar a maturidade interior, o indivíduo não consegue criar uma intimidade legítima que a corresponda. Em substituição a uma relação de afeto autêntica, busca satisfazer essa sua necessidade essencial (desejo de ser amado) de modo superficial,  seja pela sua imaginação exaltada e vaidosa, ou por aprovações e opiniões externas.

O seu destino será irônico, pois acarretará irremediavelmente o contrário: pobreza de afeição e frustração!
Ora, como se apoiar e esperar consistência e satisfação de uma matéria tão maleável e inconstante?
Basta refletir um pouco para ter a evidência de que os relacionamentos criados a partir dessa base são frágeis e sujeitos a se falsearem.

Os antigos provérbios já atestaram que não existe nada mais ilusório do que a Fama.
Persegui-la é tolice.
 Apenas um sopro do tempo e não mais se sustentará uma só palavra do que foi dito.

Apesar disso, a vaidade não é um defeito tão fácil de eliminar.
Ela pode ainda subsistir de modo sutil,  travestindo-se em nome da busca espiritual e se exaltando na confissão.

O remédio certeiro para este mal é desnudar-se em confissão reta e sincera.
Esvaziar-se das buscas mundanas que corrompem o caráter.
Não se apegar a seus frutos.
Ser desinteressado e disponível.
Praticar a caridade, na forma expressa pelo Sermão das Montanhas:
 "não sabendo a mão esquerda o que a direita faz".
Ter como prática diária pensar em doar (antes de querer ter o seu desejo satisfeito)
 - de modo anonimato, sem a intenção de ser recompensado.
 Tamanho é o desafio desta pureza que está livre de vaidades.

21/07/2013 - (guto)